O impacto do Banking as a Service (BaaS) no mercado
As fintechs de Banking as a Service (BaaS) surgiram a partir de desafios presentes no mercado, mas que também representavam oportunidades muito sólidas. Os bancos tradicionais estão sendo desafiados diariamente e sua capacidade de resposta parece não ser mais a mesma que já foi um dia.
E, por outro lado, as empresas dos mais diversos segmentos, da indústria ao varejo, têm visto Banking as a Service como um parceiro e uma oportunidade para ampliar seu escopo de negócios e dinamizar seu portfólio de produtos e serviços.
Meu nome é Douglas, sou fundador e CEO da Swap – Banking as a Service e neste artigo, quero compartilhar com vocês algumas reflexões sobre o impacto do BaaS no mercado, baseado no que venho observando da indústria, primeiro como cliente tentando montar sua própria carteira digital, e depois como empreendedor, montando a própria SWAP.
O desafio do segmento bancário
O segmento bancário tem passado por intensas transformações nas últimas duas décadas, em especial. Um exemplo relevante é justamente o Banking as a Service (BaaS), que tem possibilitado que diversas empresas dos mais variados portes e segmentos possam fornecer serviços financeiros aos seus clientes, quase como sendo seus próprios “bancos”.
Mas quero chamar a atenção para outro fator: os elementos que estão desafiando os bancos e forçando esta mudança de atuação e posicionamento dos players que já estão no segmento. São três elementos principais:
- Ineficiências nos sistemas;
- Transformação da estrutura de mercado; e
- Evolução regulatória pró-inovação.
Em linhas gerais, cada um desses elementos traduz um conjunto de desafios que pavimentou o caminho para o crescimento das fintechs, mas que se tornaram uma pedra no sapato dos bancos tradicionais.
Por exemplo, por que alguns bancos chegam a cobrar mais de 17 reais por uma TED ou DOC? O que leva um banco a cobrar, por vezes, centenas de reais por uma conta corrente? Por qual motivo uma análise de crédito chega a levar semanas?
Mas não para por aí. A economia de plataforma que viabilizou empresas como iFood, Uber e 99, transformou a estrutura do mercado. Em outras palavras, para clientes e usuários, as plataformas se tornaram seu centro financeiro onde pagamentos e recebimentos são realizados. Sem intervenção de bancos.
E, por fim, mas não menos importante, a quantidade de mudanças e inovações regulatórias lançadas pelo Banco Central do Brasil, como as Instituições de Pagamento (IP), a Sociedade de Crédito Direto (SCD) e Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), além do pix e, mais recentemente, o Open Banking, abriram espaço definitivo para novos modelos de negócio.
Os serviços financeiros como importante vetor de transformação
Todos os elementos que citei anteriormente são relevantes e, por vezes, são pontos de inflexão que impõem desafios para os bancos tradicionais.
A experiência com um cartão de crédito como o Nubank mudou a maneira que os clientes utilizam esse produto e elevou o patamar do “mínimo esperado”. O mesmo vale para contas digitais, para investimentos, seguros e outros serviços financeiros. A experiência do Nubank e tantas outras fintechs mostra o caminho que foi aberto para a transformação do segmento financeiro, mas principalmente para a transformação das empresas no Brasil e no mundo.
Pense nas Casas Bahia. Não é um negócio novo e o fato deles financiarem as compras dos clientes trouxe muito sucesso ao negócio. Mais do que isso, ao financiar as compras de seus clientes, as Casas Bahia precisaram estabelecer uma estrutura financeira relevante. Tão logo essa estrutura financeira se tornou central no negócio, um mar de possibilidades se abriu.
Daí veio cartão de crédito com a bandeira Casas Bahia, diversas modalidades de seguros, empréstimo pessoal e vários outros produtos financeiros. O braço financeiro ampliou o escopo de negócios, trazendo novas fontes de receita, mas também impulsionou o negócio principal. Aliás, o modelo de crediário que consagrou as ofertas financeira, mais recentemente, tem encontrado sua nova roupagem até fora do Brasil.
As Casas Bahia são um caso relevante, pois não é novo, mas claramente é um caso de empresa que se beneficiou dos serviços financeiros que foram possíveis de ser prestados ao longo dos anos. Na atualidade, muitos outros players têm explorado caminhos no universo financeiro, como é o caso da Magalu, por exemplo.
O que diferencia o momento atual é o fato de que antes estas oportunidades estavam acessíveis apenas às mega empresas, como as citadas. Hoje, fintechs de BaaS permitem o acesso de muito mais empresas a esses mesmos serviços com uma fração do tempo, esforço e investimento.
BaaS e o seu papel no futuro dos negócios
Banking as a Service ainda tem muito para mostrar, ainda tem muito potencial para impactar o mercado e as aquisições de fintechs de BaaS nos últimos meses por grandes empresas mostram que esse é um segmento que veio para ficar.
Existem muitas oportunidades em diversos segmentos, como é o caso da multiflex, a solução BaaS da Swap para empresas do segmento de benefícios. E, como a história da adoção de serviços financeiros por diversas empresas nos mostra, essas oportunidades não estão mais restritas às mega empresas, mas são acessíveis a empresas de qualquer porte e segmento.
No momento atual, também há grande expectativa com o chamado Open Banking. O (BaaS) é um componente chave para o Open Banking, no qual os bancos abrirão seus sistemas para que terceiros acessem seus dados para aprimorar ainda mais seus próprios serviços e a experiência dos clientes.
Não só qualquer empresa poderá iniciar seu próprio “banco”, o que elevará a concorrência, mas a transparência no setor bancário e financeiro também será vetor importante de redução de custos, de minimização de riscos e de crescimento econômico do país.